domingo, 18 de dezembro de 2016

A RACIONALIDADE NA REALIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TESTES DIAGNÓSTICOS: A COMPETÊNCIA DO BIOMÉDICO PRÓ-DIAGNÓSTICO.

Em essência, o profissional Biomédico é um grande agente da área de exames diagnósticos em saúde, com uma formação estritamente voltada para o diagnóstico laboratorial de doenças. Portanto, um profissional capacitado com excelência nesta área, dentro das atribuições que lhe competem. 
E como tal, sua aplicação na obtenção do melhor resultado possível, com a menor (ou sem) margem de erro é algo sine qua non no cotidiano. 

Faz-se necessário a periodicidade na obtenção de conhecimentos diversos em estatísticas, metodologias, probabilidades,  epidemiologia, enfim. 
Daí a importância destes pré-requisitos sobre o diagnóstico laboratorial como importante ferramenta na verificação da presença ou ausência de doença em qualquer estágio clínico do indivíduo.

Assim, como foco em amenizar e/ou eliminar erros e probabilidade de erros, torna-se inexorável ao profissional da área diagnóstica os conhecimentos sobre os processos de avaliação dos testes diagnósticos. Um diagnóstico preciso é fundamental para o estabelecimento de um tratamento adequado e custo-efetivo. 
Além do quê, ao considerar o paradigma da medicina baseada em evidências, também considera-se que o médico assume incertezas em todas as decisões clinicas, segundo Sackett et al. (2003), e Schmidt & Duncan (2004). 

Adjacente aos conceitos médicos sobre a efetividade de certezas nas decisões clínicas, também encontramos a mesma situação nos testes diagnósticos. A bem da verdade, nenhum teste diagnostico é perfeito, capaz de oferecer certezas absolutas sobre a presença ou ausência de doença (Fletcher et al, 2005). 

Dadas estas condições, então, utiliza-se em ambas as modalidades (clínica e diagnóstica) o raciocínio probabilístico. Assim, aplica-se às considerações probabilísticas, duas vias de análise crítica: Sensibilidade e Especificidade. 

Sensibilidade

É a capacidade de um teste de detectar adequadamente pessoas com uma determinada condição clínica, ou seja, é a proporção de testes positivos entre todos os indivíduos com a doença. 
Então, considerado isto, um teste com sensibilidade de 100% seria aquele que não deixaria passar nehum caso da doença sem diagnóstico. 
Portanto, Sensibilidade refere-se apenas aos indivíduos doentes do estudo, com as seguintes probabilidades: 



a = verdadeiro positivo; b = falso positivo; c = falso negativo; d = verdadeiro negativo;

Assim, Sensibilidade é a razão existente da relação entre verdadeiro positivo (a) e falso negativo (c), dado pela seguinte fórmula:



Especificidade

Refere-se à capacidade de um teste de excluir corretamente as pessoas sem uma determinada condição clínica, ou seja, é a proporção de testes negativos entre todos os indivíduos sem a doença. 
Um teste com 100% de especificidade seria aquele em que, jamais, uma pessoa normal seria dada como doente. 
Um teste específico é aquele utilizado quando é preciso confirmar o diagnóstico, antes de iniciar um tratamento com seus potenciais riscos. 

Considerando a mesma tabela de probabilidades proposta, temos que, Especificidade é a razão existente da relação entre falso positivo (b) e verdadeiro negativo (d), dado pela seguinte fórmula: 



Estas relações são aplicadas com a intenção de eliminar o máximo de erros possíveis, quanto a realização dos testes diagnósticos. 

O processo diagnóstico deve ser entendido, então, como a reunião de dados sobre um indivíduo, que aumenta ou diminui a probabilidade da presença de uma determinada doença, bem como, para o rastreamento do quadro evolutivo da terapêutica, dos fatores de risco que incidem sobre as condições em questão. 

Após realizados, os testes diagnósticos irão mostrar em quais circunstâncias ele se enquadra (se com ou sem a doença), com base nos testes aplicados na detecção. Portanto, para uma interpretação de resultados, deve ser feita uma análise no eixo horizontal da tabela de probabilidades / circunstâncias (relação a/b) para obtenção das probabilidades ou dos valores preditivos. 

Valores Preditivos

Refere-se à probabilidade do resultado do teste diagnóstico clínico real e do resultado do teste complementar serem concordantes, tanto quando apontam para a doença, quanto quando apontam para a não doença. Isto, per se permite que seja, então, apresentado o desempenho preditor do teste.

Assim, com base nos raciocínios lógicos probabilísticos, é possível aplicar o uso racional de testes diagnósticos, e assim, contribuir significativamente para facilitar a tomada de decisão clínica do médico.  


Referências

SCHMIDT & DUNCAN - Medicina baseada em evidências, In: Duncan et al. Condutas clínicas em medicina ambulatorial (2004).

SACKETT et al. - Medicina Baseada em evidências (2003).

FLETCHER & FLETCHER - Epidemiologia Clínica (2005). 





Dr. Dermeval Reis Junior
Biomédico - CRBM1  -  8102
Fisiologia - Patologia Clínica - Fisiopatologia
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