segunda-feira, 13 de abril de 2015

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - COMO ELA DEVE SER VISTA NO LABORATÓRIO CLÍNICO

Definição
A Insuficiência Cardíaca ocorre quando uma anormalidade na função cardíaca falha em fornecer um fluxo sanguíneo adequado para satisfazer as necessidades metabólicas dos tecidos e órgãos corporais. Um grande número de doenças pode ser a causa de Insuficiência Cardíaca. 
Causas: (1) Idiopática > cardiomiopatia dilatada idiopática, cardiomiopatia restritiva idiopática, cardiomiopatia hipertrófica idiopática; (2) Doença Arterial Coronariana > isquemia aguda, aneurisma ventricular esquerdo, cardiomiopatia isquêmica; (3) Sobrecarga de Pressão > hipertensão, estenose aórtica; (4) Sobrecarga de Volume > regurgitação mitral, insuficiência aórtica; (5) Toxinas > etanol (álcool), cocaína, quimioterapia (doxorrubicina/adriamicina); (6) Metabólicas-Endócrinas > deficiência de tiamina, diabetes, tireotoxicose; (7) Infiltrativa > amiloidose, hemocromatose; (8) Inflamatória > miocardite viral. Com este quadro extenso há quem considere, de fato, a Insuficiência Cardíaca, uma síndrome. 

Fisiopatologia
Não entro aqui no mérito fisiopatológico da doença, mas torna-se necessário mencionar, pelo menos, que a hipertrofia é um mecanismo adaptativo e precede a fase de insuficiência. A contratilidade pode ser afetada, tanto pela hipertrofia quanto por mecanismos neurohumorais (adrenalina/noradrenalina, sistema renina-angiotensina-aldosterona), que atuam num processo chamado de remodelamento. Esta atuação neuroendócrina pode fazer a Insuficiência Cardíaca ser considerada como uma polineuroendocrinopatia. 

Laboratório
Embora o diagnóstico seja em grande parte clínico, há padrões laboratoriais na Insuficiência Cardíaca que devem ser considerados. A Insuficiência Cardíaca nunca deve ser um "diagnóstico final" e a etiologia deve ser cuidadosamente investigada, dadas as influências fisiopatológicas na terapêutica  e no prognóstico da doença. 
Hemograma: devem ser consideradas a anemia e poliglobulia. Estas duas condições podem afetar nos sintomas da Insuficiência Cardíaca. 
Ionograma: com o uso de diuréticos, há possibilidade de sérios distúrbios nos eletrólitos.
Urinálise: podem ser encontradas proteinúria e glicosúria. 
Enzimas hepáticas: devem ser analisadas, dada a possibilidade de haver congestão hepática e alteração nestas enzimas.
Função renal: a disfunção renal pode simular, agravar ou ser consequente a Insuficiência Cardíaca. 
TSH / T4 livre: tanto o hipertiroidismo quanto o hipotiroidismo podem ser causa primária ou contribuinte da Insuficiência Cardíaca. 
Ferritina Sérica e Saturação da Transferrina: hemocromatose só pode ser confirmada quando estes dois parâmetros são avaliados, uma vez que na suspeita clínica haja diabetes ou hepatopatia associadas. 
BNP: outro marcador importante da Insuficiência Cardíaca. Este marcador pode ser de grande importância quando, em condições de emergência, seja necessário diagnósticar uma dispnéia devido à Insuficiência Cardíaca ou à condição estritamente pulmonar. 
Além destes parâmetros, claro, não poderia ser descartado o eletrocardiograma, que mostram distúrbios no ritmo, condução ou áreas inativas devido infarto prévio, além da sobrecarga atrial e ventricular. Sobrecarga atrial pode estar correlacionada com aumento dos níveis de BNP. 
Não esquecer de levantar a informação no laboratório, da medicação utilizada pelo paciente. Digitálicos (glicosídeo cardíaco) e diuréticos podem alterar parâmetros. 

Referências

BRAUNWALD E: Heart Diseases - Heart Failure
CECIL - Medicina Interna Básica - Insuficiência Cardíaca
HENRY JB - Diagnósticos Clinicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais
LOPES AC - Clínica Médica - Insuficiência Cardíaca