Conceitos e clínica da LMC
A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença de evolução crônica que incide mais frequentemente entre 40 e 60 anos de idade. Caracterizada por alterações genéticas e hematológicas, tem uma clínica pautada na fraqueza, fadiga, palidez cutânea, peso no abdome, hepato-esplenomegalia. Além destas características, outras contam para o critério diagnóstico: febre de etiologia inexplicável, durante pelo menos cinco dias; percentual citológico de mieloblastos e promielócitos no sangue periférico acima de 30%; Hb menor que 10,5% g/dL; plaquetas abaixo de 100.000/mm3; leucócitos acima de 30.000/mm3. A alteração genética é caracterizada pelo aparecimento do cromossomo Philadelphia (Ph1), que representa a translocação 9:22, onde o gene ABL, localizado no locus 9q34 é translocado para o locus 22q11, gene BCR. Isto resulta existência de um gene híbrido BCR/ABL, com RNAm que produz uma proteína com alta atividade tirosinaquinase. Sob aspecto fisiopatológico, esta proteína é conhecida como leucemogênica, devido à sua capacidade de promover o crescimento independente das citocinas. O crescimento e diferenciação celular são ativados por esta BCR/ABL, que fosforila diversos substratos, e aumentam a cascata de sinalização intracelular, promovendo, então, o aparecimento de células características desta doença, tanto de blastos como de células maduras. Dadas estas informações clínicas, vamos, então, ao perfil laboratorial de pacientes com LMC.
Perfil laboratorial do paciente com LMC
As alterações que se observam no sangue periférico são bastante características e, na maioria das vezes, levam ao diagnóstico de certeza.
Índices hematimétricos:
Hemoglobina: 9,7 g/dL (variação de 5,4 - 14,4 g/dL) - nota-se pequena correlação entre a concentração de Hb e a contagem total de leucócitos circulantes;
Plaquetas: 485.000/mm3 (variação de 25.000 - 1400.000 mm3);
Leucócitos: 225.000/mm3 (variação de 20.000 - 600.000/mm3).
Para estes índices, a fórmula leucocitária é, em geral, característica, notando-se intenso aumento de granulócitos em circulação, coma presença de todos os elementos representativos deste setor, desde o mieloblasto até o neutrófilo segmentado, predominando formas intermediárias (mielócitos e metamielócitos) e maduras (bastonetes e segmentados). O número de basófilos e eosinófilos não é incomum, atingindo os primeiros valores até 15 a 20%. Redução do escore da fosfatase alcalina de neutrófilos é comum em 90% dos pacientes, somados à presença do cromossomo Ph1.
Na bioquímica, o ácido úrico sérico encontra-se com valores aumentados, o que implica em pacientes com leucocitose intensa e/ou déficit de função renal. Isto tem que ser observado, inclusive por conta do seguimento terapêutico a ser implantado.
LMC vista em sangue periférico. Leucocitose acentuada, incluindo todo o espectro de leucócitos maduros e imaturos, basofilia, e eosinofilia.
Linhagem mielóide proeminente, em medula óssea.
Fosfatase alcalina neutrofílica (NAF) aumentada na LMC, durante uma crise blástica.